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Abocanhar

morder

trincar

mastigar

degustar

roer

cuspir

falar


assobiar

cantarolar

beijar

balbuciar


tiritar

gemer

gritar

vomitar

calar

suspirar


tudo mora na boca — melodia, ruído, palavras à beira do silêncio, repulsa e amor em uníssono.




Leonor Hipólito / 2020
poema publicado no livro A natureza que esquecemos



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Díptico (págs. 8, 9)



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Frottage 03 

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In a lush landscape jagged words do not cut through;
they are mere cavities in a mute soul,
and the creatures that live there can but befriend you.
You know what’s true.

 


audio

https://drive.google.com/file/d/1sal4xC4aXI4uXjeEARqnc2qcr-_jsZGC/view?usp=sharing


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na mesa

apenas três cadeiras

 

um tampo inclinado

uma perna vacilante

um vértice de esguelha

alguém a espreitar alguém à espreita

 

momento inerte

triangular ao mesmo tempo

 

o rosto da manhã

apoiado num cotovelo

 




Leonor Hipólito / 2022

poema publicado no livro ao segundo dia o sol nasceu símbolo

http://idembooks.com


 

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Quiromancia 

(observações poéticas sobre gestos)





Quero contar-te um segredo.

(Bem sei, segredo é muito falado.)
(                                               )
(                                               )
(                                               )
(                                               )




Leonor Hipólito / 2021

poema publicado no livro Quiromancia (observações poéticas sobre gestos)

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It is the act of love to provide

and it is an act of love to set free.


The act of love is life thriving;

this seems to be its constant and its only condition.


 

Leonor Hipólito / 2024



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180º / reflexão 23

 

Aceda ao link para ler esta reflexão:

https://drive.google.com/file/d/1on9b0JHVGAzZ_g4cfC2-GjMP0c3scYuJ/view?usp=sharing

 

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Nós

 

 

(Eu fora de mim)

É a pureza que eu quero, a pureza,
não do destilo ou da simetria e da beleza postiça,
não da raça, da escala ou da linhagem interminável de
traços exímios.

Quero o que vem antes do cultivo e do perdão.
O que nasce naturalmente e não se culpa por isso.
Os rios antigos, os verdes vivos, o desejo sem artifícios,
o que vem de rompante como um clarão
e desfaz qualquer possibilidade de altivez.

O que eu quero não tem cor nem iluminação específica.
É tão magnificente quanto sóbrio e pequeno,
tão ébrio de nada quanto de tudo. 

 

 

 

Leonor Hipólito / 2023

poema publicado no livro Nós

 

 


 

 

 

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180º / reflexão 19

 

Aceda ao link para ler esta reflexão:

https://drive.google.com/file/d/1Mx_6Pvv1e2qlqTu9byC4FdEkgS_E2X9c/view?usp=sharing


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Detour (págs. 14, 15)

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Interlude – Relapse




 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 





audio

https://drive.google.com/file/d/1Czs68WGtGNMK9EWRb0EA93sz6nM1kTP0/view?usp=sharing

 

 

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180º / reflexão 17


Aceda ao link para ler esta reflexão:

https://drive.google.com/file/d/1qcmc6cA7s7n2dO7mV1hQRUd-BdVH8MXt/view?usp=sharing




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Love


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https://drive.google.com/file/d/1cD5fGt4ycEtIeA80nIdFQ-7PTnEjEhJv/view?usp=share_link



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Frottage 02  (págs. 12, 13)

 



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Frottage 01 (págs. 32, 33)

 

 

 
 

 


audio (poema pag.9)

https://drive.google.com/file/d/1vwZNgkOF8FaNsvsdbzU79zMRotZB9awo/view?usp=sharing

 

 

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Words of negotiation


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https://drive.google.com/file/d/1ktMIK_7U4txBsgdMwyjPEMkHiHD_fo1j/view?usp=share_link




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Era já noite quando acelerei o passo;

estava mais viva.


Tudo parecia simples.

Mais simples.

Mais.


Na escuridão, via muitas coisas 

e coisa alguma.

Então, determinei decidir.

Estava claramente sem saber,

apenas mais viva. Mais íntima do mistério

que dá nome às coisas,

mas que em nada se desvenda,

nem a mim,

que num encontro com nada encontrei

a matéria-prima da promessa.



Leonor Hipólito / 2022

poema publicado no livro Areia





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180º / reflexão 16


Aceda ao link para ler esta reflexão:



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Plus and minus


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180º / reflexão 14


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audio

 
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For trees to grow high they have to go deep


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na minha incompletude 

ainda assim serei

pessoa animal mulher criança

cores modos e o vigor das ancas

dança macabra a formar um círculo na vida

fecunda

mudança



Leonor Hipólito / 2021

poema #16 publicado no livro ao segundo dia o sol nasceu símbolo




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Pena de Pavão (contra capa)


audio

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180º / reflexão 11


Aceda ao link para ler esta reflexão:

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It isn’t death the threat

but the act of killing:

The horror facing despair 

immeasurable

that no one can’t ignore.


It isn’t death the sentence

but soul’s dread of the living.

Life needs attention:

Look in the eyes of the giant.

See through the magnifying glass.


The remaining act is a droplet of ancestry

in the mercurial waters.



Leonor Hipólito / 2023



audio 

 

 

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Who's the future?


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Mapa-múndi


Que o choro seja a linguagem da alma,

a lamentação, a da dor,

a prece, a do namoro,

o silêncio, a da união,

o grito, a da manifestação,

o suspiro, a da agitação,

o vómito, a da discórdia,

o beijo, a da pacificação,

a fala, a da decisão,

o canto, a do diálogo,

e o gesto, esse traço que tudo sublinha, 

a de ambos lembrança e esquecimento.


Leonor Hipólito / 2021
poema publicado na revista de poesia Acanto #6


 

 

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Tons de vermelho


A cada piscar de olhos a vida renova-se. Atualiza 
a imagem que tinha ficado colada ao último olhar.
Outra surge, para se fixar e me fazer sentir que tudo 
está certo ou errado. Pisco os olhos sem acreditar
e a vida esfrega-me os olhos até eu chorar, até 
adormecer, até acordar, até voltar a acreditar, e 
piscamos os olhos. Outra imagem surge. A vida 
cola-se de novo ao meu olhar.



Leonor Hipólito / 2022

poema publicado no livro Prisma



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A poesia é um colar de palavras

em volta da indescritível extensão da vida

e do seu sentido.

Nessa ausência de explicação,

as palavras são os nós, as pausas, 

que seguram o nada num fio interminável de silêncio.

Para sentirmos.


Leonor Hipólito / 2023




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180º / reflexão 10


Aceda ao link para ler esta reflexão:

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Sem se fixar, afirma-se.

Não há como ser de outro modo.

Como?

Se se fixando há de ser solta?!

E o desconhecido tem o seu rosto.


Traçam-se linhas na palma de uma vida

para que siga sem andarilho.


– Vá, livre!


Expoente entre muitos? Não mais que os vivos, 

caminhando sobre um estofo de veludo obscuro.



Leonor Hipólito / 2022





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Elo perdido numa tarde

elanguescida entre plissados de talvez,

gestos selados, ou transviados do seu sentido?,

e paredes espelhadas a mistério

num quarto de hora sem bónus.


Tarde circular 

nos lábios de uma vista distante,

que não importa que seja – não volta!



Leonor Hipólito / 2022




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180º / reflexão 9


Aceda ao link para ler esta reflexão: 

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I dreamed of Nature.

It was all we had.


Now

I have a dream.



Leonor Hipólito / 2022





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How close are things to each other?

How close are you to things you like?

How close are you to liking?

How close are you to becoming things you like?

How close are you and things alike?

How close are we to each other?

Do you know how close?



Leonor Hipólito / 2011
poem published in the book Beyond Emotions 




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audio

https://drive.google.com/file/d/17TXCVFI-ZlDN_aeZ_S2HIr9uSTCkZXtK/view?usp=share_link




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No bolso guardo o vento

a tua voz

o anoitecer

a despedida

e um quartzo rosa.



Leonor Hipólito / 2020
poema publicado no livro A natureza que esquecemos


audio

https://drive.google.com/file/d/1YLVQaWvL9ofwApf26wBShxqiDPTWrRJA/view?usp=share_link


 

 

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A união, rebelde a si própria – um ser sem limites; invisível, esvoaçante,

fumegante, esbracejando, rugindo à procura das suas vestes: fibra, osso,

nervo, membrana, cartilagem, carapaça, pelo, pena, e um dia que se respira a

si próprio.


Com noite e voltas no âmago, nauseada com o vapor da sua ebulição e

fantasia, agita-se; compõe-se, desconjunta-se, parte deixando apenas uma

falange na terra. O suficiente para despertar histórias – outras vidas.




Leonor Hipólito / 2022



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audio

https://drive.google.com/file/d/1WePrczwewgecprXEOPDsAKbpezJDAglq/view?usp=share_link



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Life is not an object.

Living beings are not objects.

To desire is not to objectify, it is to long for recognition.

But when life, living, being, longing become frustrations 'objects' are all around. 

And they fall and crack; they are hostile to us.



Leonor Hipólito /2022




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180º / reflexão 8


em diálogo com um poema de Emily Dickinson


Aceda ao link para ler esta reflexão: 

https://drive.google.com/file/d/1U8SNnDLBVcgv5UZBIs6B3jSy1SVcxeHT/view?usp=sharing




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Ultraviolet


We close our eyes and hope for things to change.

And they change.


We open our eyes and hope to see change.

And change unfolds.


We wish,

We desire,

We long for it.

And we change.


We change even when we do not want to.


Change can be perceived as that what is constant and invisibly present perpetuates itself.


When we see through the thin membrane that holds our understanding of it, we can feel a fleeting sense of happiness.


Leonor Hipólito / 2015 
poem published in the book 22 reflections on the dissolution of the self




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180º / reflexão 5


Aceda ao link para ler esta reflexão: 

https://drive.google.com/file/d/1ny5_hZLRQejZSP9tswPYBFGvN3Qc0IN_/view?usp=sharing



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Que sombra terá o céu?

Não falo das nuvens.

Falo da figura que a nossa imaginação pinta,

num sem-fim de esforço,

para se colorir a si própria;

dessa forma que anseia por seu corpo.


Leonor Hipólito / 2022 
poema publicado no livro Céu da boca



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As palavras formam as pessoas.
As pessoas desfazem-se em palavras.
Perdem a palavra? Começam a perder enquanto pessoas.
Quando as palavras perdem poder só no silêncio se pode procurar entender o que aconteceu.
Sem palavras, vai-se à procura de uma voz.



Leonor Hipólito / 2023 



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180º / reflexão 4


Aceda ao link para ler esta reflexão: 

https://drive.google.com/file/d/16pC0wNxUX3Sh_Wok75U6QdKlZB3ZByhY/view?usp=sharing


 

 

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Uma borboleta voa, 

rodopia, aparentemente, aleatoriamente.

Observo como desenha no ar,

como desenha o ar,

como, simplesmente, desenha.

Nada vejo desse desenho,

mas sinto que sugere um segredo.

E que se junta a outros 

e que, todos os desenhos juntos, serão um dia os traços de uma nova existência.

De um novo mundo a que chamamos realidade?


Observo-a como se observasse a mim própria,

vendo o meu gesto como um desenho que se junta ao dela. 



Leonor Hipólito /2022



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Magia e morte
parecem convocar o mesmo ritual.

A deusa esfrega o rosto na terra escura
e as suas cores, como pólen,
espalham-se à superfície;

se não morresse para estar viva,
nenhum momento faria o futuro,
nenhum som, o corpo dos dias, 
e as barbas do vento, nem milho.
 

Leonor Hipólito / 2020 
poema#11 publicado no livro Pena de Pavão
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180º / reflexão 2

em diálogo com um poema de Luis Carrapato

Aceda ao link para ler esta reflexão: 

 

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Sorte

Meio dia para conter toda uma vida de espera.

Há muito que espera. 

Agora, em meio dia se completa.

Assim é um encontro.


Leonor Hipólito /2022


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Fragmentos de um poeta (poema 2)

O que escrevo informa-me de que consegui;
ainda aqui estou.
Menos por sobrevivência,
mais por vício.


Viciado no néctar que se diz acre
ou deixar os corações dilacerados 
e as páginas dos livros manchadas de lágrimas,
escrevo, de muitas maneiras,
não sobre amor,
mas por senti-lo.



 Leonor Hipólito /2021 



Aceda ao link para ler sobre o projeto Fragmentos de um poeta

https://drive.google.com/file/d/1wsmFMLbn9w32eIQqUk7PRHJbl5zdpLW-/view?usp=sharing

Click here to read about the project Fragments of a poet  

https://drive.google.com/file/d/1QjjlVcQp9JqnSCV5za9E5rwBP8gdF6W6/view?usp=sharing



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Resgate do inverso

Aceda ao link para ler este texto 
 

 

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Metamorfose do olhar

Um rouxinol entrou na minha casa.
Deu voltas perdidas e acabou na minha mão.
Aflito, deixou-se ficar.
Seus olhos fechavam e abriam, seu bico tentava sorver o ar.
Por fim, o calor do meu gesto restitui-lhe o canto.
Vida aflorou no seu pequeno corpo e peito palpitante.
Naquele momento, fomos um.
Logo de seguida partiu.
  


Leonor Hipólito /2021 

 
Aceda ao link para ler este texto na integra

 

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Bem no início do crepúsculo,
quando os pássaros se ocupam a desenhar o céu,
largo a minha tristeza;
troco-a por um pedaço de cor à volta dos meus braços 
e dou as boas-vindas ao que vier.

Mas logo a seguir questiono: a quê?

É no lusco-fusco que os meus sentidos se avivam
e todas as minhas tensões se vão.
Quando estás mais presente que nunca...
e eu caminho sob o céu violeta,
e as luzes da cidade ofuscam as estrelas, que mesmo assim consigo imaginar.
É neste estado de transição 
que decido não querer decidir,
mas ser todas as tonalidades de rosa
e não ter nada pelo qual me arrepender.

/

In the very beginning of twilight,
when birds make the sky into a drawing,
I can briefly dismiss my sadness; I exchange it for acceptance.

Acceptance of what?, I soon inquire.

It is in the twilight that all my senses awake
and all my tensions dissipate.
When you are more present than ever...
and I walk under the violet sky,
and the city lights disguise the stars that I can imagine anyway.
It is in this in-between state that I decide I don't want to choose.
I want to be all shades of pink
and have nothing to regret.


Leonor Hipólito /2019
 

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Com toda a dor que senti fiz uma joia.

Presa ao peito,
lembra-me o que aprendi:

enterrado nos recantos mais desconhecidos do ser, 
onde o ódio goteja como água numa gruta, 
encontra-se o amor.
 

Leonor Hipólito / 2020 
poema publicado no livro Pena de Pavão
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Of this and more

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(...) Art challenges our noticeable tendency to encapsulate impressions and conform them to fixed patterns. It calls upon us instead to observe, imagine, and remember our inherent quality to express in inventive ways.

In a creative process we go through phases of transformation - insights that bring forth a sense of realisation - and perhaps a conclusion to what ideas generate besides the search for meaning may well be all.

Observing, feeling, learning, creating, growing, on and on - life, we are. (...)

Leonor Hipólito 2016/17
excerpt of the essay published in the book Looking at us looking at us

http://idembooks.com
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Que permanecendo sem ser será

Silenciosa,
Desperta no alvorecer de cada sopro, 
Abrindo janelas de vento, despindo fantasmas de ontem, 
Sua domesticidade.
Então feroz, descobre-se nos pensamentos revoltos,
Nos dias e noites, sempre e por ora 
Nos corações; Portas que batem estremecendo a terra 
Solta, transforma-se.

De passo rebelde, sadia e caprichosa
Caminha sem remorso,
Recusando inspirar razões, pó, tijolos de história
Sobre folhas carcomidas por seres que mastigam, remoem, engolem
Leituras na escuridão sôfrega que a sua respiração sossega. 

Eterna, silenciosa. Ostenta novo traje,
No alvorecer de cada sopro.
 

/

Without ever being becomes

Silent,
She awakes at the dawn of every breath,
Opening windows of wind, undressing ghosts of the past,
Her domesticity.
Then feral, she finds herself amongst untamed thoughts,
In days and nights, always and for now
In hearts; Slamming doors that shake the Earth
Free, she transfigures herself.

Defiant, lively and capricious,
She moves forward without remorse,
Refusing to waist her breath on reason, dust, bricks of history
On foliage eaten by those who keep chewing, ruminating, swallowing
Views from an insatiable gloom that she naturally appeases.

Eternal, silent. She flaunts a new garment,
At the dawn of every breath.


Leonor Hipólito 2017


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The back of beyond


Late that evening,
Around arms and mute lips
Curtains hid scenes with other surfaces;
Expectation communing with distance, and I a speck of space stretched beyond the limits of my chest
Moving forwards, with many other bodies
Enlacing colour with the invisible poetry of their flesh,
Emoting.

Like ice, floating in the waters of a river
Now loose fragments, oscillating through my eyes
That glaze seemed to hold feelings.

I wondered what would have happened if I had done what no one expected?
Blending in with the spaces in-between?! 
I didn’t!
I remained suspended by the thread of no-nonsense
It was too late to change position, after all.

On the last page of my writing pad I wrote: Living demands taking position.

Leonor Hipólito / 2017
poem published in the book Writing Pad
http://idembooks.com
http://idembookspublications.blogspot.com



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Dark, docile, deeply mysteriousThose eyes,
In which I lose myself for a while,
A while long enough to forget my worries,  
Too short to dissolve them in their magic.

They are powerful in concealing their subterranean nature,
Exuding calmness from a whirlpool of emotions,
Stirring my dreams, their longing?
 
Beneath the impeccable vitreous surface — They mirror
Nothing but a fantasy, having the colour of this poem.

They are also blue and bright.



Leonor Hipólito / 2019



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A estranheza da vida encanta-nos, porque no estranho reside a imaginação; esse fascínio promove o desejo de compor a realidade.
 
O deslumbramento pelo novo, desconhecido ou de difícil alcance, convida-nos a dar um passo em frente. Eis, porém, que nos reconhecemos perante o abismo entre os nossos passos e o nosso desejo. É então que o estranho se torna curiosamente familiar, no sentido mais visceral da comparação. Aproxima-se como estranheza consentida pela nossa própria dúvida, enquanto que o que pensávamos conhecer se distancia. Com essa dúvida, habitamos o mais desconhecido dos lugares.
 
 /
 
Life’s strangeness attracts us because in the oddity imagination resides; that attraction promotes the desire to shape reality, to frame an idea.
 
Attracted by what seems new, unknown or difficult to comprehend or get, we take a step forward. And there we are, facing the abyss between footsteps and longings. It is there, where the strange becomes familiar, in the most visceral sense of the comparison; the strange becomes part of us in the same way that what we think we know becomes relative. Doubting, we inhabit the strangest of places.

Leonor Hipólito / 2014
+ in http://elsewhereleonorhipolito.blogspot.com


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Duet

My tongue – A stranger,
Blind to the margins of your target,
Hidden behind your manners,
It claims nothing but surprise

This stranger does not care for absent minds nor refrained hearts,
It welcomes in every way, unable to conceive the breadth of a lie or the longitude of desire

It looks for the one in the recesses of your mask
Stubbornly,
Wordlessly,
Acting.


Leonor Hipólito / 2017
poem published in the book Writing Pad
http://idembooks.com
http://idembookspublications.blogspot.com






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O desejo, inerente à experiência humana, é um sentimento que nos move, por vezes dominando, que nos vitaliza, ou então definha ou mesmo aniquila. Sempre transformador, é para mim movimento, ação, projeção, subtração e adição ao mesmo tempo. Modela forma, corpo, rosto; amalgama-os, recria-os.

É a procura de algo que nos possa completar. Por conseguinte, é um sentimento que defino por movimento na direção da mudança. Que nos lança para a constante busca do sentido da nossa existência, projetando-nos no outro, fazendo com que reconheçamos no outro uma parte de nós. Mostra-nos que nos falta um pedaço e que, perante essa evidência, aspiramos encontrar o que ainda não somos, como se nos completássemos apenas com a mudança que traz consigo e, nesse nosso movimento em direção ao que pretendemos vir a ser, nos encontrássemos com o que em nós anda perdido.
 
/
 
Desire is an inherent feeling of our human experience. It moves us, often dominating us, it vitalises us, but it can also weaken us or even make us perish. For me it is always transformative. It is motion, action, projection, subtraction and addition at the same time. It moulds the shape, the body, the expression; it amalgamates them, recreates them.

It is a feeling that impels us to search for what we feel we are missing, presenting us the one we are yet to become. It is, therefore, a feeling that inspires reinvention, propelling us to question our own sense of being, and reflecting back to us the other we may recognise as complementary.
 

Leonor Hipólito / 2019
 
 
Aceda ao link para ler este texto na integra
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Falsa mudança

Em mim o tempo acelera, como se quisesse dizer-me algo de urgente sem que eu me aperceba o quanto demora a fazê-lo.
É por entre os dias, como neblina salgada, que vela a direção do meu achado - sempre atrasado.

Hoje sinto que o tempo se dilui nas tonalidades de um dia interminável - sem fim.
Em mim, em ti ou noutro alguém. Com todos fará do seu corpo compasso.

Agora descanso.

Leonor Hipólito / 2016
poema publicado no livro Sem retorno
http://idembooks.com
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Quando o teu olhar se desvia sei que devo parar por aqui. Então afasto-me, consciente da distância que nos une, para poderes representar sem ser visto, por entre o meu espanto e a cortina opaca dos teus actos. Faço-o sabendo que é nesse intervalo que o nosso intento se despe.


 Leonor Hipólito / 2017

 
 
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In my tea, three spoons, please!
Sweet, very sweet. I need to soothe my mind tonight.

Honey drips
loose are the words...
Sweet drink, sweet talk...

Hesitating gestures
cradled cups.

My spoon swirls
mixing my thoughts as I speak
and the clock nailed on the wall
points out: got to go, got to go!


Leonor Hipólito / 2008
Poem published in the book überstein 
http://idembooks.com
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Around the landscape of your eyes

In the hide-and-seek of time,
Around the landscape of your eyes,
Walks the other with your steps,
Unfamiliar,
In disguise.

The stranger dresses the night,
Faceless,
Secretly,

His shadow, into your sleep
A curtain of mystery unfolds.


Leonor Hipólito / 2016
poem published in the book Looking at us looking at us
http://idembooks.com
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In my neighbourhood birds make nests with my hair.


Leonor Hipólito / 2016
poem published in the book Looking at us looking at us
http://idembooks.com
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Object for dreams

Sometimes whispers form my words
Sometimes is the absence of your words
Between me and you

Silence 

Flirting with my thoughts
Stretching my soul

Does solitude bring fear?

A breath of quietness

Promises 

Dreams


Leonor Hipólito / 2004
  

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Para sempre

Não preciso de frases, encontro-me no teu rosto.
Ness
a renda de silêncio onde não guardo nada,
apenas o olhar,
transparência da minha sede.

O que não falas procuro na tua língua,
afluente e margem.

Ficará sempre tudo por dizer.


Leonor Hipólito / 2016
poema publicado no livro Sem retorno
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The sun stands still, burning like a bulb hanging from a ceiling. An endless ceiling that covers a crowd of people.The people move slowly, like their shadows on the pavement. Neither looking ahead nor having an attentive interest towards what surrounds them, they gaze at their own steps. Some count them, some don't even feel them. They move to somewhere. Nowhere. 
Their feelings seem to be unstirred. Their moods black. Doomed by the sunset about to happen.

Anonymously for some hours the mass condenses in the city centre like a drop of motion about to evaporate. As the hours roll along, their shadows elongate, losing contours, fading away until they disappear.

The night erases the day and with it the steps they have traced. Steps that did not reach further than yesterday.

Leonor Hipólito / 2011
poem published in the book Beyond Emotions
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My fantasy is like the sweetest beast. It smells like earth and it is warm. When my hand strokes its fur I feel at home. 

Leonor Hipólito / 2016
poem published in the book Looking at us looking at us
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I am thirsty,
in this deserted land of minds
A plant with thorns
My thoughts like droplets thrive

Shallow depths, this Land
stolen from the well of Life
Without words to seed the soil
Without whispers to bring the fortune

I am thirsty,
in this deserted land of minds
No one
is all around

Like a plant
in silence
holds the ground,
I close my eyes and drink the water


Leonor Hipólito / 2015
poem partly published in the book Writing Pad
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audio



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Wind blows

Red rugs
smuggle dirt
behind the shoulders
eyes can't see.
Flags with flowers
blind the windows.
Curtains are walls
without ears.

Does anyone fear the wind?

In the streets
blue balloons
fake the sky.
Pierced by the needles of the trees
hang a few.

The parade amasses
black suits.
Night.

On the sloping side of the hill
the rock is hard.



Leonor Hipólito / 2015
 

audio


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What no longer serves a purpose change it. I would call that a mindful revolution. 


Leonor Hipólito / 2015

 

 
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Art is not an idea or a story upon which one identity is formed.
Arts is not the expectation of a position and its assurance.
Art is not an image to associate to or separate from. It does not limit opinion or define trends. It does not complete what is in progress. It does not claim to explain the indescribable. It does not pretend what it is.
Art is potential through which we can envision the unseen.


Leonor Hipólito / 2015 


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One can either opt for stepping forward or leave everything behind.
I guess I'd reached a state of borderline.

Leonor Hipólito / 2008
poem published in the book überstein 
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Ao olhar para ele sorri,
como se o canto dos seus lábios puxassem os meus.


Leonor Hipólito / 2011 


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Romance
 
I am spiralling around a fantasy,
holding it so to be my frame of mind.

Faint is the picture
and formless are the feelings.

Call it romance.

 
Leonor Hipólito / 2007
 

 

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Domestic

Tools, with limbs and mouth,
grasp and bite the desire
Fanged fork
Bifurcated knife

The hot air stirs the blood

In a large basin feelings are held between the crust and the fluid
A cloth with a fissure respires

Routine in the routine

The mind, a frame

Home,

golden gate without knob,
private landscape of life.
 
 

Leonor Hipólito / 2013
poem published in the book Looking at us looking at us
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My everything is nothing but a dream
I know is flesh, blood, me.


Leonor Hipólito / 2006


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Legacy

Blank books are on my shelf
(waiting)
– words to be told

Anticipating 
– to cover –
stories from beginning to end
 
Piled 
(together)
with nothing
no image
 
There's my landscape.


Leonor Hipólito / 2014


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I write
(hours in a row)
immersing into a vision
that seems possible to hold (to be told)

The surface of the paper – scratched – 
is charcoal, tones, folds,
a missing page: 
the moment I hesitate.

It is a thought ripping through my doubt.


Leonor Hipólito / 2014


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Não tenho nada a dizer
a não ser o que sinto

quando omisso
o meu pensamento vagueia à procura de ti.



Leonor Hipólito / 2012
In Preto


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The warmth of the morning's breeze announced the arrival of a pleasant day. 
The sky, plain and bright like an enormous mirror, reflected my mood as I drove to work. 
The hours passed and the night smoothly appeared.
Suddenly I awoke.


Leonor Hipólito / 2008

poem published in the book überstein 
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Corpo vestido de corpo,
disfarçado com a pele de outro,

descosido da sua forma,
sem morada.

Várias identidades
numa só personalidade.

Corpo que não o é
porque não se revê no rosto
que o olha sem hesitar,


porque nos seus gestos
o dedo aponta
para a cicatriz que não sara,
que nele se aloja
e o faz sentir.

Existe.
Precisa.

Corpo sem outro
para além dele próprio.
Perdido na ilusão 
que lhe revela a verdade.

Sem propósito,

espera por si.


Leonor Hipólito / 2012
poema publicado no livro Preto


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Thin line

There is a thin line between the steps
spinning 
back and forth

Weaving the old with the new

Between the fingers from where gestures depart

This line,
thin, but not fragile,
twists in loops

Endlessly

Sometimes it thickens

Sways by emotion


Leonor Hipólito / 2012


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Her locks were tight up in swirls
like a bird nest – skilful in deed and hairdo.

I keep a little bird nest inside a round box.
It was found empty in the woods,
handed to me as a gift.

I wonder which flock of little birds had lived there.
Tiny, feathery, branchy home – mesh of delicacy.

Sometimes, I hold the box in my hands. 
Open it carefully.  
Let my thoughts fly.

I saw her the other day again.
She had long strands waving free.


Leonor Hipólito / 2014



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In-corporation

I attempt to draw myself
At first, I draw my head,
curve after curve
A circle
A line
My throat 
I reach the lungs,
a sketch of leaves in the Autumn 
My trunk is thin and long, two lines - parallel 
At last, I reach the base
I trace a road of lines,
intricate patterns forming my ground 
Finishing my drawing
Before my eyes
I contemplate 
the tree I am.


Leonor Hipólito / 2006
poem published in the book Looking at us looking at us
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Human patterns

A moment of silence,
An intermittent but endless line of silence.
A blank space our mind can fill in with thoughts.
Stories embodied in fragments of repetition,
Memories looped in a waiting line.

How many seconds make a moment?

We might fold the line into a circle while time keeps slipping away.



Leonor Hipólito / 2008

 
 
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Cicatriz na folha de um cacto;
estigma profundo

corta a suavidade ao toque.

 
Na tenra superfície

complacência sulca em forma de palavra
o que alguém não encontrou no silêncio. 


Leonor Hipólito / 2012


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Time flies while I am thirsty
Searching for an excuse to fill in the pause I make.

I try to match my slow-moving mind with the turning of the hours which give me no boundaries but demand objectivity.

My attempt to fit moments into a logical sequence slips off the hands of time.

I fold each moment separately or together according to their dimensions and orientate my next steps from the lines of their folds.

I am tired.

Time keeps flying while I am hungry
Tiptoeing
Searching for a trick to catch it

But if I won't
Time will remain where I am.


Leonor Hipólito / 2011
poem published in the book Beyond Emotions 
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Lab

Can we, by means of knowledge and experience, attain the forces of Nature? 
Can we encapsulate the sensations the material upholds? And extend ourselves to all sides, into Nature, until the volatility of our sensations enable us to feel Life as a Form?
  

Leonor Hipólito / 2009